terça-feira, 24 de maio de 2011

A ilha desconhecida

Dá-me um barco
preciso navegar
solte-me as âncoras
já é tarde para ficar aqui
as ondas deste mar já molharam meu coração
não tem volta
preciso navegar
preciso encontrá-la...

...a ilha

quase desconhecida na paisagem
rios nunca antes navegados
conhecidos apenas dos que voam sobre ela

de cais imaculado
nunca atracado por nenhuma embarcação
terra desconhecida

enquanto isso eu vou
na valsa triste das ondas
que se desdobram incessantemente
em busca de terra firme
que encontram descanso
no coração do poeta
chamado
ilha desconhecida

05/06/2007

sabe(r) Deus

"Saber sore Ti
ultrapasso nuvens rasas
alcanço-te e toco
e meus olhos se abrem
e conto histórias de amor
e os olhos deles se brilham
e já não são mais cegos..."

Meu silêncio

ébria lucidez
dos que jazem nos sonhos
não porque morreram
nem porque dormem
mas porque querem voltar

a realidade nunca é real
a verdade sim, vai além
da retina dos seus olhos
que só vêem ruas,
nuvens e montanhas...
de tão longe que somente os sonhos podem alcançar

deixe-me quieto
com os olhos fechados
senão também ficarei cego
prefiro a inquietude do silêncio

preciso de silêncio...

02/04/2008

übersteigen

Desejo-te mais que a solidão
às vezes te encontro nela

prazer...
pecado...
vaidade...
separação...

te encontrei nos campos mais profundos
de um espírito em prantos
as lágrimas choverão em nosso encontro
e lavarão minhas roupas velhas

volte logo....

...Deus

Devolva-me

desejo
supremo dom
no limiar entre o prazer e pecado
solidão
o prazer da dor
entre o vazio e a sensatez

ser criador, ser criação
chorar por quem?
quem vai ouvir?

violentaram a verdade
e eu mau a experimentei
devolvam-me...
...socorro, fui roubado

amei sem ser amado...

é pau, pedra, fim do caminho...

o amor foi crucificado
(e nós ficamos tristes)
correndo de um lado ao outro
dizendo uns aos outros:
"te adoro, te adoro"

quem pagará as contas deste amor...?
quase pagão...(?)

Viver...

“Doces são os olhos
mansos são os lábios
leve são as mãos
dos que olham para a vida
e serenamente se propõe a vivê-la”

sábado, 21 de maio de 2011

O porto

O porto

Há um porto
em que toda alma
começa um caminho,
uma viagem solitária
sobre espelhos infinitos
que fazem mergulhar
antes mesmo que se afunde

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Silêncio e alma

Luz,
brisa,
paz,
canção,
silêncio,
alma,
o presente

neste momento liberto-me
dos orgulhos passados
liberto-me
das possíveis glórias futuras
sou do presente
nada mais me importa
nem as muitas vozes
escolho o silêncio

a voz do silêncio
fala a língua da minh´alma
alma e silêncio
enamorados
na vaga expressão de vida
por isso olho para o sol
até que meus olhos fiquem vermelhos

Caminhos de vida não são para olhos comuns
deve-se olhar além
além dos olhos vermelhos
e dos rostos entristecidos
e cabisbaixos

olhar com o coração
alma
silêncio
e redimidos seremos
de tudo o que ensurdece a alma

Olhar

Vejo amplitude
não tenho alvos
tudo é largo
nada é muito sério
perdi por ter achado
o espectro de todo caminho
que envelhece todas as pessoas
eles sempre acabam lá
onde só existem velhos...

Redenção, talvez, seja
meu assunto predileto...

01/04/08

obs. ainda não encontrei um "título" que expresse esse poema.....
Se tiver alguma idéia me ajude aí....

Despretensioso I

Talvez não pretenda ser
nada além do que o momento queira
o pretenso final que se quer
esvai-se como poeira

Amo o simples momento
frágil na ausência de grandeza
talvez um gesto, um toque, o silêncio
que lhes garanta o mel da nobreza


30/06/2007

Aos poetas

Aos donos da verdade
nem sempre verdadeira
aos sonhadores
e eloqüentes
da tinta e das penas
que transformam a loucura
em lucidez
e a sabedoria
em versos
aos que transcrevem a alma
em sentimentos de pedra e flor
devaneio...
lucidez...
paixão...
dor...
até as alegrias
espontâneas da alma
escravos do amor

Aos que me fazem sonhar
com a visão admirável
de um mundo novo
aos que transcendem
a alma e o coração,
os sonhos e os devaneios,
a alegria e a dor
e iluminados pelos céus
escreveram a voz do eterno

a todos estes
especialistas da alma

um forte abraço....



06/2005 em uma maravilhosa insônia... 5:45 h

Rainha

Vem rainha minha
seja coroada
não com ouro
dou-te mais
dou-te as rosas
não de morte
dou-te as flores
de amores
que te construíram um altar
não de céu...
...da terra

és rosa bendita
lírio no vale da angústia
do coração aflito do poeta
és flor de vida
adereço do mundo
pelo simples andar...
por ele

Midas tem o ouro
tu tens as flores
beije-me senão morro
rosa de amores

06/05/2007

Inquietude I

I

Rainha das dores...
Olhos de ver alma...
Abismo de amores...
Ausência da calma...

II

Levas a loucura
o coração insano
as vezes a morte,
as vezes ao pranto...

III

És o canto da sereia
o caminho da ternura
és a sombra...
...de almas puras

IV

Desvario talvez
sabedoria? Pergunto:
O que seria de nós sem ti?
mãe de todos os poetas.

06/05/2007

Despido

"Não se escandalizem,
minha poesia é um nú artístico"

Muitos de mim

Às vezes quero estar só
e reencontrar-me...
sinto que há vários de mim;
um é o original,
os outros são personagens
dos diversos mundos
(e de suas demandas).
Ainda há um outro
que carrega consigo
meus segredos mais íntimos
este passeia pelos caminhos
ocultos
da minha alma.

Uma coisa todos têm em comum;
todos querem me sufocar!

10/03/2007

Olhos baixos (Soli Deo Gloria)

Baixos,
sempre baixos são os olhos
dos que foram vencidos
e calmamente se renderam
e nada mais assumem
senão o poder de não poder
nada em si mesmos capaz de curar um coração
que suspirou
em paixões
sem amor
e se perdeu
na altivez
dos que não se curvam
para serem grandes
o tempo todo

Assim não vivem
enquanto morrem
sem subir ao píncaro;
na altura do amor
que somente se alcança
elevando-se a cabeça
à altura dos pés do criador

...SOLI DEO GLORIA

17/05/2011

INSPIRADA NA FRASE DO AMIGO JONAS MADUREIRA - "O lugar mais alto para se chegar é aos pés de Deus"

olhos mansos

Onde estás
rainha de olhos mansos
de sorriso sereno
de coração meigo
grande e seguro

de olhar de quem chorou
e com lágrimas
fez um mar
de ondas calmas

quero falar de outras coisas
mas não consigo sair de seus olhos
dizem por aí que espelhos
da alma...
alma

tú que és amante do amor,
de palavras
divinas...
e até de um poeta manco
como eu

neste encontro
acabará minha poesia?
acho que não

os desvarios de um poeta
sempre o sufocarão...

...de tanta beleza.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

A alma cresce...

Se a alma cresce
no agudo sublime de Montserrat
tocando os céus
e a cada passo lírico
(de minha alma)
mudam-se estações
(em meu peito)

Profundos interiores
as vezes
são duros
pouco têm a esconder
e o que se esconde
logo se faz visto
como olhos incandescentes que navegam
e a tudo iluminam
até mesmo meus segredos mais profundos
não me são impunes
e me arremetem com violência

três vezes já chorei
por sete quis morrer
voei até os céus
e aprendi
que graça e luz do sol me bastam
a poesia se aperfeiçoa em seres frágeis
poetas nascem da dor e da lágrima

Continuo a vasculhar meu coração
encontro sentimentos abertos
ao belo, ao amor
e a compreensão de tudo
que é imperfeito

Vítima da verdade
não assimilada ao senso comum
vermelha como sangue
reveladora e construtora
decente e escandalosa

e assim minha alma cresce...

29/08/2007

A arte de amar-me

Queria eu amar-te
ao ver-te
e olhar-te
como ainda sustentas a arte
de expor-te
e esvaziar-te
pelo bem amado

Queria eu rasgar-me
ao ver-me
e olhar-me
como ainda sustento a arte
de trancar-me
e esvaziar-me
para não amar (amando-me)

Queria eu viver-te
e mergulhar-me
até senti-te
e ver como ainda sustentas a arte
de servir-me
para dar-te
o castigo dos que amam

E ao ver-te
amando-me
não sei como dar-te
a força que sustenta a arte
de abrir-me
para morar-te

Pois em outro horizonte
encontrei desde anteontem
um por do sol
para deitar-me...

23/07/2010

Angústia

Deitei-me,
e ao deitar morrí
e disse: "por que se morre assim?"
mortes são sacrifícios,
disse ela
com olhos tão serenos
quase vivos

Chorei,
e ao chorar morrí
e disse: "por que se morre assim?"
lágrimas são batismos,
disse ela
em lágrimas
quase santas

Morri,
e ao morrer ví
como era a vida
e a mim mesmo (quase em lágrimas) me disse:
"por que se vive assim?

Porque batismos de lágrimas
e sacrifício de dores,
redimirão meu coração
e trarão uma nova poesia
profana e redentora....

26/08/2010

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Terra de ninguém

Terra que olhos não vêem
terra de olhos que não vêem nada
que ande nas superfícies,
nenhum rio cujas águas correm rasas;
tudo é pleno... profundo
de dores, de alegrias,
de risos, de lágrimas...

Seus labirintos são feitos de silêncio
profundo,
outros de vozes intermináveis.
Seus vales são feitos de indecisões
e montanhas construídas de sacrifícios.
Chamam-te "terra de ninguém",
pergunto-te: "Ninguém mesmo?"

Incendeio suas matas com paixões
lavo-te nas tempestades intermináveis
de minhas lágrimas.

Construí para ti um calvário
para o teu sacrifício
para morreres aos poucos
por amar mais, por amar tudo
por entregar-se em favor do bem
que cura os maus.

Tera de solo nobre
que no rico mostra o póbre
que me veste de nudez
e de verdade
leve-me ao silêncio
onde te aquietarás
e na quietude de nossas palavras
saberemos o que fazer

23/06/2008

Poema do avião

Tudo quando visto por cima é melancólico
pouco se vê do se realmente é
tudo fica igual
e as cores se misturam;
junto com elas os sonhos
Distancio-me e olho calmamente para trás
e tento lembrar q ainda há vida lá embaixo
e sonhos;
e uma história por trás de cada pontinho de luz
Logo descerei e acenderei minha luz
meio clara, meio erscura
e olharei para cima sem poder ver nada,
e olharei para dentro de mim
e verei a eternidade

Meu íntimo desconhecido

Meu íntimo desconhecido
Que me interpela com um simples olhar
Não sei exatamente onde estás,
apenas um Outro
que me pressiona contra a parede mais bem alicerçada de mim mesmo
e me diz o que nunca ouvi em palavras
sem usar uma palavra sequer

Ao Deus desconhecido

Interpelado pelo teu olhar
não sei se caio
ou se vôo para sempre

Te amo com perguntas
mas se te vejo...
...me calo.
As palavras já não nos dizem mais nada
pouco serve...
Apenas nos olhamos
e nos sentimos.
Desejando-te calo-me
ainda mais um pouco
até o momento do batismo
em que minhas lágrimas
lavarão a minha alma
ferida de coração.

E andarei em pastos verdes
até morar em sua casa
eternamente.


26/08/2010

It's raining

Hoje chove
em meu coração
nuvens amargas
tempestade...
o céu tá carregado

Será que falo sozinho?
preciso ter fé...
A previsão para a semana que vem
é de sol
preciso ter fé...
Hoje a chuva é ácida
estou sem chapéu
preciso de uma toalha
preciso ter fé...

Mundos...

O mundo se mistura
e os mundos se misturam
e fundem-se na harmonia
do prazer, ainda que efêmero
mas prazer...
prazer em conhecer-se
e humanizar-se
no olhar
no toque
e ate na simples idéia de não estar só

Humanização pelo convívio,
exercício perene, eterno
de quem sente....

La Paz

És mais bela
quando as nuvens te cobre...
és ainda mais bela,
suas lâmpadas te iluminam...
Mas a escuridão que cerca toda beleza
mostra-te que és como cada um de nós.

La Paz 13/01/2011

Carta à Religião

Quebrarei o teu feitiço
e sua frágil estabilidade
direi o que não previas
não terei seus aplausos

destoarei o ritmo
de sua dança mística
de um só ritmo
frígida e adestrada
quase em pedras

tenho crises
divago meus insights
sinto-me entediado
por vezes insatisfeito
proponho variações possíveis
atiro contra a sequência
e duvido da unanimidade
assim percebes que sou diferente


em meu próprio ritmo
continuo dançando em teu salão
mas agora improviso
vou em contratempo
em harmonias menores
quase tristes (de tão belas)
assim percebes que sou diferente

A força que te sustenta
também te sufocará
e eu, eu sim serei muito forte
não hoje....
mas tudo bem
caso queira matar-me
coloque-me na próxima cruz
ó pobre Religião

O ermo

Sou o ermo
em um turbilhão de idéias,
sou as milhares de idéias
que passam sobre o ermo,
sou sentimento sublime no desvario;
poeta da inquietação,
também sou criança no parque,
também sou canção de violão

sustentado pela eternidade
e pelo amor
sou filho do tempo
e do céu
Criador.
Da sagrada concepção
a preço de sangue.
Pretensão...
...não, é verdade,
acredite em mim.
Sou criança,
sou velho,
às vezes água,
às vezes fogo.
Cativo do pensamento,
devoto do amor;
Clarice me entende,
Pablo pintou.
Sentimentos e passos oblíquos
rumo a cidade do “Sol”
em que a frigidez da alma repousará
sobre lareiras eternas...


...algum dia-12-2007 (O dia em que achei. Devo ter escrito bem antes)

terça-feira, 17 de maio de 2011

Absoluto e infinito

Desejo
pelo infinito, pelo absoluto

do outro lado do mundo
vejo a mesma lua
monótona e melancólica
que faz com que a busca
permaneça intrínseca
o pois o que é extrínseco
se esgotou
pela distância

Mas o coração é assim
não se aparta de nós
nele somos
e ele somos
até que se pare...

15-01-11

Estrada de terra

Já caminho rumo ao fim
talvez ao meio já cheguei
...ao meio, talvez
do que seria somente o primeiro passo

não sei se choro ou rio...
chorarei pelos frutos, que maduros
caíram sem serem comidos
me rirei de já estar na metade
ou quase... ou já passei...
não sei...

enquanto isso, absorto,
seguirei andando
fazendo cesta no meu avental azul
para provar o doce de frutas
que cairão sobre mim
quando meus ombros cansados
esbarrarem em arbustos
que cruzam as estradas
e que quase sempre cortam meu rosto,
mesmo que seja uma pequena marca
não posso evita-las, elas me avisam o quanto andei...

A cada semente que cai do meu bolso
cruza-se um arbusto no caminho;
sementes caem no passados
rebentos brotam no futuro
incerto... talvez...
Assim eu ando...

...e envelheço.

Sol do meio dia

Sol que alumia a vida,
branda paz que me laçou,
em braços feridos e abertos,
Luz a mim então raiou.

Nunca deixe que se apague
esta luz que me alumia,
nem que o dia se acabe
e se torne tarde fria;

Fria tarde de tormenta,
triste dor que desatina,
olhos rasos na retina,
fria dor que não se esquenta.

Tarde vai, vem noite fria;
em meu peito o gelo, o pranto;
chorei por um acalanto,
gritei ninguém me ouvia.

Mas no meio da tormenta
uma voz então se ouvia:
"SOU a chama que te esquenta,
SOU o Sol que te alumia

Te clareio dia e noite
Te afago noite e dia
Isto me custou açoites
E o pranto de Maria

De Marias sois milhares;
Joãos, Pedros e Marias...
Que em amargas noites frias
Prantearam pelos ares

Ares que choravam dores
Noites que faltavam luz
Pranteei por meus amores
Pendurado numa cruz"

Cruz que deste ao triste pranto
Novo tom que não se via
Transformara a noite escura
Em um “Sol do meio-dia”.

Transformara a noite escura
Em um “Sol do meio-dia”...


16/07/2002

A Música

O mundo me sufoca
e tenta tirar-me tudo o que há
de paraíso, de céu, de luz e de paz

Mas há uma música
que me faz lembrar que ainda há silêncio
que ainda posso ouvir meu coração
e renascer a cada dia, e respirar
e não dizer que a vida já morreu
e chorar lágrimas destiladas no amor, no belo
e em tudo que produz vida
e reproduz vida

Assim ando rumo ao infinito
vendo o fim de todas as coisas,
o silêncio de todas as vozes,
o olhar baixo de toda altivez
e de tudo o que clama por si mesmo

Então crianças poderão brincar
pois adultos não mais morrerão em seus anseios
e brincarão alegremente
e se olharão nos olhos
e verão o quanto suas almas eram puras
e usarão os dois braços para se abraçarem
e os corações baterão a um só tempo
e marcarão o compasso de danças infinitas
e até das valsas tristes
que nos lembrarão o quanto amamos.

Então se ouvirá música
e falaremos poesias
para sempre...

Beijos

Beijos despretensiosos
não esperam por nada
não sonham com nada
não pedem nada

beijos sem utilidade
não servem pra nada
senão para o efêmero sabor das delícias
não dizem nada
senão o silêncio que se deseja
não sentem quase nada
senão o turbilhão de sensações que ordenam todo caos

beijos sem ordem
beijos sem horários marcados
beijos livres e sem perguntas
beijos e beijos e beijos

beijos de poesia sem rima
beijos sem acentos
beijos sem ponto final
beijos sem regras

tudo vale, tudo pode quando se beija
o mundo precisa de beijos

poetas são especialistas da alma... e do beijo
beijam com palavras
beijam os amigos
beijam seus amores
e todas flores

despretensiosos e sem utilidade são os beijos,
os beijos da alma
ósculos de fidelidade
puros, sagrados e sem fim.

Vivo

Vivo...
com cheiro de vida
que as vezes sinto
e toca meu coração
com canções de vida
que acalmam meu coração inquieto
prestes a perder a pazivo
com as mortes de todos os dias
que nunca fecham os olhos
nem se deixam enterrar
mas me fazem ser vivo
a cada dia
com vida, com música...
com amor.

27-04-2008

Meninos

Oh menino de alma inquieta
de amores incertos
se o crepúsculo te fascina
não pare de olhar a lua
nem as estrelas
talvez elas o guie
para fora
de si mesmo
e assim verás
a ti mesmo
e te encontrarás
nú...
e vestirás a roupa que quiser

e serás livre

24-04-2008

Despretencioso II

Acredito na simplicidade
do efêmero marcante
qual conversa despretensiosa
do amigo, do pai, de Deus
e todos os outros
que não dão a mínima as grandes cerimônias

no partir do pão
no brindar do vinho
quero estar com meus amigos
meus irmãos
e minha família simples

quero tocar com poucas notas
quero tocar em volta de fogueiras
quero errar as notas
não estou preocupado com as “notas”
basta um sorriso
eis a suprema harmonia (a mais erudita)

Quero ser simples... não vaidoso
viver momentos simples... não grandiosos
olhar em olhos simples... ser piedoso
haikais de rimas doces....

...despretensioso.

Inefável

Inefável

Inefável é a voz da minha angústia
voz que não tem voz
grito sem som
choro sem lágrima

Inaudível
é o grito sem voz
o choro sem som
é o grito das lágrimas

que caem
sem serem vistas
muito menos ouvidas
e águam a aridez do solo seco...
...antes de secar
e chorar
novamente...

Perguntas sem voz
aspecto de espectro
sem as formas da existência comum
cujas respostas parecem ter a mesma forma...

...inefável

Noites Claras

Noites Claras

Noite clara
peito amargo
angústia
que protagoniza o enigma
humano
existencial e da existência
parece trevas, mas é luz
luz de insônia e inquietação

acorrentado lembro-me da infância
e de suas noites escuras
tão escuras que dava medo
mas hoje é saudade
da quase insustentável leveza de ser criança
e da grandeza que perdi ao crescer

tudo que cresce tende a ser menor
talvez pela diminuição de espaço
que lhe sobra
para viver, sonhar e chorar escondido
e ao engolir estas lágrimas
nos tornamos adultos
que não sabem chorar

o que nos resta é acender a luz
e passar a noite em claro...

Sem inspiração

Sem inspiração,
desnutrido de tudo o que é belo,
é o poeta feliz.

A reflexão é filha da inquietude
do sorriso adiado
da incompleta certeza
é pós-orgasmo sem amor
e sem cigarro

e até nas vitórias sem sentido
olha-se e pergunta por algo que lhe pareça belo
nem que seja uma dor
nem que seja um cigarro

não há óbvios
transeuntes do oblíquo
e do afluxo de obséquios
apenas por compreender o que não é reto

pois é assim,
poetas choram e riem
fora de ordem
errantes e sinceros

não quero mais escrever....

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Rio de mim mesmo

Rio de mim mesmo
 
Na epopéia suja
dos que enxugam suas lágrimas
em sorrisos quase alegres
em amores quase singelos
em dores quase tristes
 
eles nunca falam claramente
riem de tudo, choram sempre
pois nada vêem
nem tem olhos de ver alma
apagam e acendem a luz de seus planetinhas escuros
de jantar silencioso
 
mas eu sou poeta
invento meu mundo
componho minhas próprias canções
e finjo ser triste
prara chorar com todos
 
e quando rio
rio de mem mesmo
rio de mim mesmo¿
 
é o rio de mim mesmo que me afoga
em sentimentos sublimes,
singelos e profanos
que chegam a serem santos
por amor
 
acho quero ficar só........