quarta-feira, 1 de junho de 2011

As portas

Aquieta-te coração
sua música ainda toca
em todos os tons
para que ouças
e chore com as flautas
mágicas de tons menores

agora estás só
mas o mundo é teu
e te fará companhia
apenas olhe para as montanhas
com suas luzes intermináveis
e ouças a flauta

chore em paz
chore em "La paz"
as portas foram abertas
e as aves foram soltas
voam para toda parte
e entram em todos os labirintos
até mesmo os mais profundos

até mesmo os mais profundos
querem seus passos em lugares rasos
para que a profundidade que o cerca
não afogue o que há de livre e espontâneo

Somente assim
o coração de Fausto
saberá o que é viver...

La paz 13/01/11

Poemas tristes?

nem tristezas, nem sombras
Não! Não para baixo
escrevo para dentro
por dentro se anda em labirintos
com poucas janelas
com corredores profundos
longos e estreitos
falo de construção
alicerces não usam roupas
nem máscaras de carnaval
sem rimas
nem rodas de mãos dadas
dizem apenas a verdade

Meus poemas não são tristes
escrevo apenas à meia luz...

01/06/11

Pensamentos de tinta

Não quero escrever
não quero pensar profundamente
não estou triste, estou até feliz
poemas felizes são estranhos
são cantigas

Não quero ouvir música
não quero dormir
hoje não quero o silêncio
quero todas as vozes
sem obrigações

Pensamentos desconexos e esparsos
que não cumprem horário
sem liturgias
tampouco Dionísio

Quero olhar
e sentir
e calar
e falar quando quiser
tenho perguntas
mais belas que as respostas
como aquelas das crianças
quando vêem o mundo
e dentro dele perguntam: "Por que?"

Penso na canção
que não quero ouvir agora
lúcida e melancólica
longa e sem respostas
doce e sem perguntas
nem triste, nem alegre
apenas se dá
valsamente à meia luz

Penso mais um pouco
e escrevo...
pensamentos de tinta
quase ilegível
no livro
do meu coração...

27/05/2011