quarta-feira, 1 de junho de 2011

Pensamentos de tinta

Não quero escrever
não quero pensar profundamente
não estou triste, estou até feliz
poemas felizes são estranhos
são cantigas

Não quero ouvir música
não quero dormir
hoje não quero o silêncio
quero todas as vozes
sem obrigações

Pensamentos desconexos e esparsos
que não cumprem horário
sem liturgias
tampouco Dionísio

Quero olhar
e sentir
e calar
e falar quando quiser
tenho perguntas
mais belas que as respostas
como aquelas das crianças
quando vêem o mundo
e dentro dele perguntam: "Por que?"

Penso na canção
que não quero ouvir agora
lúcida e melancólica
longa e sem respostas
doce e sem perguntas
nem triste, nem alegre
apenas se dá
valsamente à meia luz

Penso mais um pouco
e escrevo...
pensamentos de tinta
quase ilegível
no livro
do meu coração...

27/05/2011

2 comentários:

  1. lindo, Paulo... lindo... parece que saiu de mim... queria ter parido esse texto... queria um tipo de maternidade com ele.. .ou parentesco. uma nostalgia luso-espanhola que me corre nas veias, tmb. Uma saudade de sei lá o que, uma dor de sei lá eu onde... Uns augustos dos campos outras florbelas espancas... amei!

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